terça-feira, 24 de agosto de 2010

Comparações.

O cinzeiro transbordado de cigarro tinha motivos.
O prazer dela era acender o tal e tragar uma vez, duas, depois deixava queimar, era um briga de bituca e cinzas.
Seus amores eram iguais, ela dava um trago ou dois e viravam cinzas.
Podia até ser uma comparação absurda.
Mas era urgente o seu desejo de ver fumaça.
Ora ela fumava um filtro vermelho e se entediava e voltava para o branco.
Tinha dias que acordava com vontade de fumar um maço, noutro deixava queimar por si só, fazia fogueira com os fósforos queimados. E o seu quarto cheirava a cigarro.
A única coisa colorida eram seus olhos verdes e profundos.
Quando ela fumava o cigarro inteiro, o maço inteiro, o dia seguinte era uma merda, mas já era um ciclo vicioso.
Com o amor? O efeito era o mesmo.

5 comentários:

Luna disse...

se eu for comparar meus amores com cigarro, eu diria que eu fumo compulsivamente, e sempre quero mais, e mais. e fico sempre ansiosa, quando falta.

Pierre. disse...

Vamos acender um amor, e deixar as cinzas queimare...
Vamos fazer um castelo de bitucas...
Vamos fazer um cigarro com um filtro bem comprido, pra que dure até o fim de nossos dias, ou de nossos corações.
;)

bruniuhhh disse...

adorei a comparação com o amor.
e ser compulsivo.

Che.r.ry disse...

estou sem palavras.
simplesmente foda.
tenho me apegado mais ao cigarro ultimamente...

Josi Puchalski disse...

Adorei. Sou fumante e entendo como ninguém esse ato de "queimar" e a cumplicidade de um cigarro. Entendo tb a relação com amores, não podias ter escrito de melhor forma.